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- RainStorm – Capítulo 18
Posted by : Zark
30 de out. de 2016
Chorar
não significa que você é fraco e aguentar não significa que você
é forte.
Cidade
de Aquacorde, 23 de outubro de 2016.
Katherine
Naquele
triste e doloroso dia, a chuva não parou nem que fosse por um
segundo, parecia que continuaria por toda a
eternidade. Horas se
passaram, todos já haviam indo embora e eu continuava lá, chorando
e fitando a lapide da minha preciosa amiga. Sentia muita dor em meu
coração, afinal para mim, eu era a culpada pela morte da doce
Mirai.
A
garota furisode estava encharcada, seu corpo e suas roupas estavam
cobertos pela água da chuva, mas ela já não se importava.
Continuava sentado no chão chorando e encarando a lapide. Foi quando
Serena apareceu atrás dela com um guarda-chuva.
– Não
adianta você ficar apenas chorando. – disse a valquíria das
chamas.
– Se
conseguisse, eu pararia. – contou Katy.
– Vamos
embora, se ficar nessa chuva vai pegar um resfriado. – alertou
Serena.
– Não
me importo com isto.
– Mas
eu sim, vamos indo.
– Não,
eu quero ficar aqui.
– Não
tente se punir, a culpa não foi sua. – falou Serena.
– A
culpa não foi minha? – indagou Katy sarcasticamente. – Se eu não
tivesse inventado de começar esta jornada e tivesse ficado em casa,
não teria me encontrado com Chasseur e ele não mataria a Mirai para
se vingar. A Culpa dela ter morrido foi minha e desse meu desejo
estúpido! – Katy chorava e berrava enquanto falava.
– A
culpa não foi sua. – disse a Serena firmemente.
– Pense
o que quiser, mas eu sei que foi. – comentou Katy. – Eu vou
continuar aqui, então pode ir embora.
Serena
não disse mais nada, apenas se sentou ao lado de Katy e a cobriu com
seu guarda-chuva.
– O
que você está fazendo? – indagou Katy.
– Se
você quer ficar aqui, fique, mas eu ficarei ao seu lado. –
respondeu Serena.
– Apenas
vá embora. Eu quero ficar sozinha. – pediu Katy.
– Tem
certeza?
Eu
respondi que sim, mas não tinha mais certeza de nada. Talvez se a
Serena ficasse ao meu lado fosse menos doloroso para mim, mas eu não
queria que ela sofresse por minha causa, não queria que mais ninguém
se machucasse por minha culpa. Depois daquilo, Serena foi embora, mas
deixou seu guarda-chuva, nem sei porquê, afinal eu já estava
ensopada. Mas por algum motivo aquele guarda-chuva me deixava mais
segura.
…
Calem
Depois
de ter falado com Katy, Serena voltou para a mansão e lá estava
Calem a esperando.
– Conseguiu
convencer Katy? – indagou Calem.
– Se
tivesse convencido, ela estaria aqui. – respondeu ela.
– E
você, está bem?
– Sim,
não se preocupe comigo.
– Senhorita
Serena, não minta para mim. – disse Calem.
– Estou
falando sério. Só estou um pouco cansada, mas já vou para meu
quarto descansar. – contou Serena ao ir para outro cômodo.
A
senhorita Serena adora se fazer de forte, mas tenho certeza que ela é
uma das que mais está sofrendo pela morte da Mirai. Eu também me
sentia triste, de alguma forma queria consolar ela, mas ela sempre
pareceu tão distante. Queria alcançá-la, queria ir atrás dela e
falar para ela que podia contar comigo, mas não fiz nada disso,
apenas a vi indo para seu quarto, enquanto continuava perdido em meus
tristes pensamentos.
11
anos atrás.
Cidade
de Lumiose, 12 de outubro
de 2005.
Ainda
me lembro da primeira vez que encontrei a Serena, eu estava em um
beco sujo em Lumiose. Eu estava quase nu, todo sujo e morrendo de
fome, estava deitado sobre uma pilha de lixo que me parecia mais
confortável que o chão. Foi então que eu a vi, seus lindos cabelos
dourados e seus brilhosos olhos azuis. Ela cantava como se fosse um
anjo, ao me ver ela foi até a mim e esticou a sua mão.
– Quem
é você? E o que quer? – indagou Calem
– Eu
sou seu anjo da guarda, e vim para tirar você desse lugar. –
sorriu Serena.
Ao
ver aquele sorriso, o coração do pequeno Calem começou a palpitar.
– Você
está falando sério?
– Claro!
Vou te levar para um lugar mais bonito, onde vai poder tomar banho,
se vestir com roupas mais bonitas e comer muito. – As palavras de
Serena confortaram Calem.
Calem
não entendia o porquê, mas sentia que podia confiar naquela menina.
– Está
esperando o que? Segure minha mão que te levarei para longe dessa
escuridão. – sorriu ela.
Era
a primeira vez que alguém oferecia algo para Calem, ele sentiu algo
que nunca sentia muito tempo, esperança. Os olhos dele se encheram
de lágrimas, mas ele não queria chorar e tentava se segurar e
apertava os próprios olhos.
– O
que está fazendo? – perguntou Serena.
– Eu
não quero chorar e parecer fraco. Eu tenho que ser forte. –
respondeu Calem.
– Chorar
não significa que você é fraco e aguentar não significa que você
é forte.
Depois
de ouvir aquelas palavras, Calem desistiu de resistir e começou a
chorar tanto como nunca havia feito antes. Serena caminhou até ele e
deu um beijo em sua bochecha, algo que fez Calem corar e seu coração
palpitar cada vez mais forte.
– Se
você vir comigo, não terá mais que fingir ser forte, pois eu serei
por você. – sorriu Serena. – Vamos! – Mais uma vez Serena
esticou sua mão para Calem, que ao limpar suas lágrimas a segurou.
Segurando
a mão de Calem, Serena caminhou para fora daquele beco escuro e
finalmente chegou em um lugar iluminado de Lumiose.
– A
propósito, me chamo de Serena! Qual seu nome?
– Eu
me chamo Calem! – Ele sorriu, algo que não fazia a muito tempo.
Eu
devo muito a Serena, muito mais do que a qualquer um, foi ela que me
tirou daquelas ruas sujas e me deu uma nova vida, aonde eu poderia
fazer alguma diferença. Desde então jurei proteger ela, mas parece
que é ela que sempre está me protegendo.
11
anos depois.
Cidade
de Aquacorde, 23 de outubro de 2016.
Evelyne
Eu
estava sozinha no meu quarto, deitada em minha cama. Estava chorando
bastante. A morte de Mirai tinha me deixado bastante triste e não
apenas isto, me trazia diversas memórias e lembranças ruins que eu
queira esquecer.
Me
lembrei daquelas crianças, sendo levadas para um lugar escuro e
horrível. Me lembrei daquelas agulhas e remédios coloridos. Me
lembrei dos gritos das crianças enquanto pessoas de branco faziam
experimentos, abrindo elas com o bisturi, dando choque nelas,
quebrando seus ossos e muitas outras coisas terríveis. Me lembrei
das crianças mortas que não resistiam. Me lembrei de tentar ajudar,
mas fiquei com medo e desistir, deixei aquelas crianças serem usadas
como ratos de laboratórios, me arrependia de não ter feito nada
para ajudá-las. Me lembrei das coisas terríveis que fiz e que
fizeram comigo. Mas o que mais eu odiava lembrar eram aquelas
palavras usadas para justificar todas aquelas ações “Pelo nome da
Ordem dos Cavaleiros de Ciassyl”.
Ela
levantou de sua cama, e ficou sentada, seus olhos ainda estavam
cheios das lágrimas. Eve pegou algo que escondia em seu vestido, era
uma luva negra com diversas linhas azuis, parecia ser algo meio
tecnológico.
– Se
eu não tivesse hesitado e tivesse a usado, poderia ter salvo a
Mirai. – choramingou Eve para se mesma. – Droga!
Ela
continuou sentada, encarando aquela luva.
Eu
podia ter salvado a Mirai, mas fiquei com medo. O mesmo com as
crianças de minhas memórias, se eu tivesse feito algo, nada ruim
teria acontecido.
…
Kuro
Ele
estava em seu quarto com um olhar triste encarando a Kuronotsurugi,
sua espada. Olhar aquela katana trazia memórias a Kuro.
Ganhei
a Kuronotsurugi a bastante tempo, antes mesmo de conhecer o Shiro.
Nunca esquecerei do dia em que ela foi me dada.
8
anos atrás.
Couriway
Town, 18
de novembro
de 2008.
– Quero
que você fique com Kuronotsurugi. – disse uma mulher linda de
olhos negros e cabelos prateados.
– Tem
certeza disso? Ainda sou bem fraco. – indagou o pequeno Kuro.
– É
por isso que estou te dando a Kuronotsurugi, para junto a ela, ficar
mais forte. – respondeu a mulher ao entregar a espada nas mãos de
Kuro. – Lembre-se, está espada tem a lâmina cega,. Ela não foi
feita para machucar ou matar e sim para proteger. Nunca a use, se não
for para proteger alguém ou a si mesmo.
– Está
certo.
8
anos depois.
Cidade
de Aquacorde, 23 de outubro de 2016.
“Uma
espada feita para proteger” Me perguntava do que adiantava ela, se
não conseguia fazer nada, nem mesmo proteger uma pequena garotinha.
…
Shiro
Eu
estava sozinho na biblioteca, lendo os livros que via Mirai lendo.
Assim como Mirai, quando eu era pequeno adorava ler e passava horas
lendo, mas infelizmente, meu pai não achava que era um bom habito e
queimou todos os meus livros. Depois de ler algumas coisas resolvi
caminhar pela biblioteca, a maior parte do tempo que passei com a
Mirai tinha sido nela, eu me lamentava por ter sido fraco demais e
como tinha falhado em proteger a Mirai, eu nunca poderia cumprir a
promessa de mostrar os Lapras para ela. Não apenas a Mirai, eu havia
falhado em proteger a Alice e muitas outras pessoas importantes para
mim. Eu não queria sentir esta dor de novo, a dor de perder alguém
e saber que por ter sido tão fraco, eu não pude fazer nada.
Shiro
parou de caminhar pela biblioteca, encarou uma parede e a socou com
bastante força enquanto gritava:
– Droga!
Droga! Droga!
Ele
continuava socando a parede com força, tanta que seus punhos
começaram a sangrar.
– Aqueles
desgraçados! Ludger e Chasseur, seus desgraçados! – berrava ele.
Os
seus socos ficavam mais intensos e fortes.
– Se
eu tivesse sido mais forte! Se eu tivesse feito algo! – Shiro bateu
a cabeça com força na parede e sua testa começou a sangrar. Ele
então parou de socar a parede e começou a chorar. – Eu não sirvo
para nada, não pude proteger a minha mãe, nem a Alice, nem a Mirai,
eu não pude proteger ninguém!
…
Ludger
estava na sua mansão, esperando por Chasseur e quando finalmente o
caçador chegou, o nobre berrou:
– Mas
o que você pensa que fez!
– Do
que está falando? Apenas fiz o meu trabalho. – disse
Chasseur.
– Você
matou aquela criança! Não era para você ter matado ela! – gritou
Ludger.
– Era
sim, eu matei ela por vingança, e você sabe muito bem que tudo o
que você está fazendo é por vingança. Você e eu não somos
diferentes. – falou Chasseur.
– Eu
discordo, o que estou fazendo não é apenas por vingança e além
disso eu não matei ninguém. – contestou Ludger.
Chasseur
soltou uma gargalhada e disse:
– Você
não matou ainda! Com este seu plano, você vai matar bem mais
pessoas e pokémons do que eu, inclusive a sua tão “amada”
Serena.
– Eu
não vou matar ninguém com as minhas próprias mãos.
– Você
é realmente um covarde! Não vai usar as suas mãos, mas as ordens
serão suas, então a culpa da morte de todos será sua.
– Olhe
como você fala comigo, se lembre que sou eu que estou te pagando. –
disse Ludger. – Ainda acho que você não deveria ter matado aquela
menina.
– Com
a morte dela consegui o que você queria, tempo suficiente até tudo
estar pronto. Pode ter certeza que a Serena e os outros não vão te
atrapalhar! Afinal, logo o plano vai ser posto em prática.
Cidade
de Aquacorde, 24 de outubro de 2016.
Katherine
Eu
acordei, estava em meu quarto, olhei para a janela e continuava
chovendo, assim como o dia anterior, a chuva não parecia que pararia
tão cedo. Por causa da chuva me lembrei, que não queria ter saído
cemitério e queria ter continuado olhando para lapide de Mirai, mas
então a Zubat de sempre apareceu. Ela batia as asas freneticamente
como todos as vezes que a via, pedi a ela para me deixar sozinha mas
ela insistiu que eu voltava para a mansão, e eu recusei. Foi então
que ela começou a me morder até que eu fosse embora, tenho certeza
que estava bem preocupada comigo. Não consegui dormir direito, mas
foi melhor do que ter dormido num cemitério, devo agradecer a Zubat
por ter me tirado de lá, apesar que eu não queria ter saído.
Me
levantei da cama e vi o chaveiro do Bidoof que a Mirai tinha me dado
em cima de uma escrivaninha, fui até lá, peguei o chaveiro e
apertei com força, como se estivesse abraçando a Mirai, foi então
que comecei a chorar de novo. Sentia muita culpa e dor pela Mirai ter
morrido, tanta que não aguentava e chorava como um bebé.
…
Kuro
Acordei
e como fazia todos os dias, fui até a mesa onde sempre tomávamos o
café da manhã, mas ao chegar lá, não encontrei ninguém. Fiquei
triste, me lembrei dos dias anteriores que havia passado junto de
todos e de como era divertido, mas esses dias tinham acabado.
Resolvi
comer alguma coisa e depois fui até o quarto de Shiro. Eu estava
preocupado com ele e com todos, a morte da Mirai, tinha nos afetado
bem mais do que imaginávamos.
…
Shiro
Era
um novo dia, eu estava em meu quarto. Não conseguia parar de pensar
na Mirai e que falhei em salvá-la. Comecei a pensar que se eu
tivesse matado o Ludger quando invadi e mansão dele, ou se tivesse
matado a Yuki, quando ela me pediu, as coisas poderiam ter sidos
diferentes e a Mirai poderia ter ficado viva. Eu estava pensando que
se eu não tivesse me controlado e tivesse feito coisas terríveis,
como tantas que já fiz, poderia ter salvo a Mirai.
Shiro
estava deitado em sua cama e sua Meowstic estava em seu lado, os
olhos do Shiro estavam com um ar diferente, coisa que preocupou a
Meowstic.
– Não
precisa se preocupar comigo. Eu estou bem. – disse Shiro ao fazer
cafuné na cabeça dela. – Meowstic, você sempre esteve ao meu
lado, sempre me protegendo, eu fico muito feliz de ter conhecido
você, então não se preocupe comigo.
Meowstic
concordou com a cabeça.
É
então que Shiro ouve uma batida na porta do seu quarto. Ele vai até
lá e quando abre, vê que é o Kuro.
– Shiro,
quero converso com você. – contou Kuro.
– O
que foi? – indagou Shiro.
– Bem,
eu estou preocupado. Ninguém foi tomar o café da manhã e todos
parecem estar bem distantes. Eu sei que a morte da Mirai foi algo
muito triste, mas ver todos sofrendo assim, é algo mais triste
ainda. Eu estou preocupado com todos, inclusive com você. Sei que
você deve estar se culpando, assim como fez quando a Alice, foi
embora, mas a culpa não foi sua, eu também estava lá e não fiz
nada. – respondeu Kuro.
– Kuro,
não quero falar sobre isto no momento. – disse Shiro.
– Eu
também queria ter sido mais forte para salvá-la, mas se culpar não
vai adiantar.
– Kuro,
por favor, este não é o momento.
– Está
bem. – Kuro saiu e foi embora.
Shiro
fechou a porta e deitou em sua cama com o braço em cima de seus
olhos.
– Kuro,
você de todas as pessoas, deveria saber que dizer que a culpa não
foi minha, não vai mudar o fato de que eu sei que poderia ter feito
algo. Você dizendo que a culpa não é minha, só me faz pensar que
você percebeu que na verdade a culpa é minha, mas não quer que eu
pense nisto.
…
Calem
Assim
que acordei fui direto para o quarto da Senhorita Serena procurá-la,
ainda estava bem preocupado com ela, mas ao chegar lá, ela já havia
saído. Resolvi procurá-la por toda a mansão, perguntei a todos o
que vi, mas não a encontrei. Depois de muito tempo desesperado
tentando achá-la, olhei para a janela que estava coberta pela água
da chuva e vi uma luz, parecendo uma chama bem longe, ao fundo da
floresta que usávamos para treinar. Sair da mansão e fui até o
local de treinamento e segui a floresta até o fim. Aquela luz, só
poderia ser a Senhorita Serena e eu precisava encontrá-la.
Ao
chegar a seu destino Calem viu Serena ao lado de sua Braixen. Muitas
árvores estavam destruídas e pegando fogo.
– Braixen,
exploda tudo! – berrou Serena.
Como
ordenado, a Braixen usou a sua vareta como se fosse uma varinha e
acertou um golpe flamejante no chão que o explodiu e jogo diversas
chamas para os lados onde acertava e queimavam as árvores.
– Braixen,
mas uma vez! Destrua tudo! Acabe com tudo! Exploda tudo! Queime tudo!
– berrou Serena perdida em raiva e frustração.
Braixen
se preparava para obedecer a sua treinadora, mas foi interrompida por
Calem.
– Já
chega! – exclamou ele.
– Calem,
o que você está fazendo aqui? – indagou Serena.
– Eu
estava preocupado com você e vim te procurar.
– Vá
embora! Eu quero ficar sozinha!
– Quer
ficar sozinha para que? Para descontar a sua frustração, raiva e
dor nessas árvores? – indagou Calem.
– Não
estou sentindo nada disto, eu estou bem. Apenas estou treinando com a
Braixen. Agora, pode ir embora, para não me atrapalhar! –
respondeu Serena grosseiramente.
– Senhorita
Serena, você sempre se faz de forte, para que os outros possam se
apoiar em você, mas você não precisa fingir que está bem e que a
morte da Mirai não te deixou triste.
– Cale-se!
Eu não quero mais ouvir essas baboseiras. Saia daqui agora!
– Eu
não sairei, até que você pare de fingir e me mostre como realmente
está sentindo.
– Se
você não for embora, eu vou ordenar a Braixen explodir você!
– Eu
já disse que vou ficar aqui. Se quer me explodi, me exploda.
– Por
que você é assim tão idiota! Já disse que estou bem! Saia daqui!
– Você
não está bem. Você foi quem escolheu o nome da Mirai, você queria
que ela tivesse um brilhante futuro, assim como todas as crianças
que você cuidou, inclusive a mim. A realidade é que por causa da
morte da Mirai, você está profundamente triste, está sentindo
muita dor em seu coração. – contou Calem.
– E
como é que você sabe? – indagou Serena.
– Porque
eu também me sinto assim. Meu coração doí toda vez que penso nela
e de como deveria a ter protegido. – Lagrimas começaram a sair
pelos olhos de Calem. – Não adianta ficar fingindo que está tudo
bem e descontar todas as suas emoções destruindo as coisas. Você
não precisa aguentar e tentar sempre ser o apoio de todo mundo,
deixe pelo menos dessa vez, eu me tornar o seu apoio. Afinal é como
a pessoa que eu mais amo neste mundo me disse uma vez para mim,
“Chorar não significa que você é fraco e aguentar não significa
que você é forte”.
– Calem.
– Os olhos da Serena se encheram de lágrimas. Ela abraçou Calem
fortemente e começou a chorar sem parar. – Você é mesmo um
idiota!
– Eu
sei. – Calem apertou a Serena fortemente.
Serena
Eu
não chorava tanto a muito tempo, estava guardando todos estes
sentimentos ruins para mim mesma, para que os outros pudessem se
apoiar em mim e não terem que temer em se demonstrarem fracos. Mas
eu pude liberar todos estes sentimentos e finalmente pude em confiar
em alguém para me apoiar.
Serena
e Calem continuaram ali abraçados por um bom tempo, onde suas
lágrimas se misturar com a chuva que caia.
…
Evelyne
Eu
continuava triste e lamentava muito não ter feito nada, já estava
tarde e ainda estava na minha cama, apenas encarando teto sem fazer
nada. Depois de muito tempo sem fazer nada e pensando percebi, que
ficar triste e se lamento não vai adiantar.
– É
isto mesmo! Vou começar um novo dia com um bom temperamento! –
exclamou Eve para se mesma. – Vou tomar um ar e depois procurar
algo doce para comer, assim, com certeza, ficarei mais pra cima.
Evelyne
se arrumou e saiu de se quarto, quando se deparou com William.
– Bom
dia, senhorita Evelyne. – disse ele.
– Bom
dia.
– Você
está bem? – indagou William.
– Ainda
um pouco triste, mas estou tentando mudar isto. – respondeu
Evelyne.
– Bem,
se não estivesse triste, diria que não era normal. Vi muitas
pessoas morrendo e sempre fico tristes por elas, com a Mirai foi pior
ainda, por ela ser uma criança que poderia ter um ótimo futuro.
– William,
por que as pessoas morrem? – indagou Eve com um tom triste.
– A
morte é algo inevitável e que não podemos mudar, quando mais você
vive, mais verá pessoas morrendo e sofrendo. Acredito que morremos,
por esta ser a lei natural das coisas, o mundo é assim e não
podemos mudar isto, assim como não podemos mudar o passado. –
respondeu William.
– O
mundo é injusto!
– Não
adianta ficar discutindo se o mundo é justo ou injusto. Justiça é
algo pessoal e depende dos olhos de quem vê. Se acha que a morte é
algo injusto, eu diria que não penso assim. Para mim é a morte que
nos faz querer viver tanto, é ela que nos faz em querer amar e
tantas outras coisas. Acredito que se a vida durasse para sempre não
aproveitaríamos cada dia como aproveitamos, não amaríamos como
amamos. É triste ver pessoas partindo, mas são essas pessoas que
nos fazem querer viver e continuar lutando.
– Acho
que você está certo. – Eve sorriu. – Mas eu estou preocupado
com os outros, desde ontem ninguém se fala e fica todo mundo
sozinho.
– Muitas
vezes precisamos de um tempo as sós, mas quase sempre não sabemos
quando devemos parar. – disse William.
– Você
está certo, tenho que procurar meus amigos para alegrá-los!
…
Katherine
Ela
continuava em seu quarto sozinha lamentando tudo que havia
acontecido, foi neste momento que algo bateu em sua janela, ao olhar
viu a Zubat e deixou ela entrar.
– O
que foi Zubat, quer algo? – indagou Katy com uma feição triste.
A
Zubat fez uma cara triste colocando seus lábios para baixo e depois
mexeu a cabeça como se estivesse negando, ou pedindo para Katy não
ficar triste e logo depois a Zubat sorriu e ficou voando felizmente
batendo suas asas, como se estivesse querendo que Katy sorrisse
também.
– Agradeço
sua preocupação Zubat, mas eu não estou com o humor para sorrir.
A
Zubat fez uma cara emburrada e voa até Katy segurando as pontas de
seus lábios com as asas e fazendo um sorriso no rosto da Katy.
– Zubat,
para com isto.
A
morceguinha continuou e sorriu para Katy como se estivesse achando
tudo divertido.
– Você
é bem estranha as vezes. – comentou Katy.
A
porta de seu quarto abriu e Evelyne entrou.
– Katy?
Um Zubat? – Eve estava confusa e Katy resolveu contar tudo sobre a
Zubat e tudo sobre que tinha acontecido com a Mirai e Chasseur.
Ao
contar aquela história Katy chorava, não conseguia conter as suas
lágrimas, Eve ouvia tudo atentamente e depois de alguns minutos Katy
havia terminado.
Eve
olhou para a Zubat e disse:
– Obrigada,
por cuidar da Katy.
A
Zubat pareceu feliz e começou a fazer piruetas no ar.
– Katy,
eu sei que você está bem triste, mas temos que superar isto, ficar
se lamentando não vai adiantar nada. – contou Eve.
– Mas
a culpa da Mirai ter morrido é minha, se eu não tivesse encontrado
Chasseur nada disso teria acontecido. É tudo culpa minha e do meu
sonho idiota de se tornar a campeã de Kalos! Eu devia desistir de
tudo e voltar para a minha. – falou Katy com lágrimas em seus
olhos.
– Você
está sendo muito egoísta! – Aquelas palavras surpreenderam Katy.
– Você não pode desistir do seu sonho, se fizesse isto, o que a
Mirai pensaria de você?
– Eve.
– Você
está se culpando por tudo que aconteceu, mas se você fizer isto,
está culpando a Valerie também, afinal tudo começou com ela. –
continuou Eve.
– Eu
nunca culparia a Valerie! – exclamou Katy. – Ela é uma pessoa
incrível e muito forte que sempre me inspirei, nada do que aconteceu
é culpa dela.
– Eu
sei, por isso a culpa também não é sua. – concluiu Eve. –
Sabe, quando eu era criança conheci a Valerie, sei que ela é uma
ótima pessoa, e tenho muita vontade de se reencontrar com ela algum
dia. – Os olhos da Eve brilhavam enquanto falava da Valerie. –
Katy, se quiser descansar mais, descanse o tempo que quiser, mas você
não pode continuar chorando para sempre. Você precisa seguir seu
sonho mais do que nunca, não apenas por você, mas pela Mirai
também. Ela pode ter morrido, mas o sonho dela continua vivendo com
você, ou seja, se você desistir de seu sonho, também desistirá do
da Mirai. Então, nunca desista e continua perseguindo este sonho com
força e perseverança.
– Obrigada
Eve! – Katy limpou as lágrimas de seus olhos e abraçou a Eve com
força que fez um cafuné na cabeça dela. Depois de algum tempo
abraçadas se separaram.
A
Zubat parecia ter fixado extremamente feliz por Katy está se
sentindo melhor e voou até ela e começou a fazer cócegas com suas
asas. A garota furisode começou a rir descontroladamente.
– Zubat
para! Está fazendo muitas cócegas, assim eu não aguento. – Eve
sorriu enquanto assistia as duas.
A
Zubat parou de fazer as cócegas e abraçou Katy enquanto sorria.
– Obrigada
Zubat, estava precisando rir um pouco. – Katy sorriu.
A
Zubat estava bastante feliz.
– Zubat,
bem, não sei se devo perguntar, nem se você vai querer, mas
gostaria de se juntar em minha jornada? – indagou Katy.
Os
olhos da Zubat brilharam e ela começou a fazer cócegas na Katy como
se não houvesse amanhã. Depois de muitas risadas, Katy pegou um
pokébola vazia e indagou novamente.
– Tem
certeza disso?
A
Zubat sorriu e assentiu. Katy encostou a pokébola na Zubat e depois
de alguns segundos, ela havia feito uma nova captura.
– Agora
tenho mais uma amiga que ajudará seguir o meu sonho. – sorriu
Katy.
Ela
então resolveu liberar todos seus pokémons, a Zubat, o Piplup e o
Goomy.
– Piplup,
Goomy, está é a Zubat, a partir de hoje, ela será nossa nova
companheira, cuidem bem dela.
Os
dois pokémons concordaram, mas Goomy parecia triste.
– O
que foi Goomy? Ainda está com medo do Chasseur? – indagou Katy e
Goomy assentiu. – Não se preocupe com isto, tenho certeza que você
vai superar isto. A Zubat também já esteve presa com o Chasseur,
tenho certeza que se tiver medo ela pode te ajudar.
A
Zubat sorriu para o Goomy, que se sentiu mais aliviado.
– E
não apenas ela, o Piplup também sempre vai te proteger como fez
antes. – contou Katy.
Piplup
corou e ficou um pouco envergonhado, mas Goomy sorriu para ele, já
se sentia melhor.
– Se
lembrem que todos somos companheiros e amigos e sempre ajudaremos uns
aos outros! Vocês são os melhores pokémons que existem! – Katy
abraçou os trés pokémons enquanto sorria bastante.
Já
me sentia melhor, tinha ganhado uma nova companheira e amiga. Era
como a Eve tinha falado, não posso desistir do meu sonho, tenho que
continuar perseguindo ele até o fim, não apenas por, mas pela Mirai
também. A dor que sentia ainda não havia passado, mas eu sentia que
com meus amigos, eu poderia suportar qualquer coisa.
…
Shiro
Depois
de me lamentar e pensar por muito tempo, sentia que devia fazer algo.
Eu queria ir atrás de Ludger e Chasseur para matá-los, não
conseguia para de pensar que se tivesse feito antes a Mirai não
teria morrido. Sair do meu quarto e fui até a porta da mansão para
sair, estava prestes a ir embora quando Kuro me interrompeu.
– Está
indo aonde? – indagou ele.
– Vou
dar uma volta. – respondeu Shiro.
– Tem
certeza, que não está indo atrás de Ludger e dos outros? –
questionou Kuro.
– Você
está certo, estou indo atrás deles.
– Não
posso deixar você fazer isto, vai acabar se matando.
– Kuro,
eu tenho que fazer isto. Eles mataram a Mirai e não posso deixar que
continuem impunes por causa disso. A polícia foi corrompida e não
vai ajudar, só resto nos fazermos alguma coisa. – Shiro cerrava as
mãos.
– Eu
concordo, mas ir sozinho só vai te matar. – contou Kuro.
– Não
me importo, contando que eu mate aqueles desgraçados, tudo vai ficar
melhor. Eu não posso deixar que eles continuem livres e machuquem
mais pessoas que eu amo!
– Você
não está raciocinando direito! Matar eles? Ficou maluco! Sei que
você está triste pela morte da Mirai, mas eu também me sinto
assim.
– E
o que você sabre sobre isto? Você nem passou um quinto do tempo,
que eu passei com a Mirai! Você não conhecia ela direito! Pare de
fingir, porque você não sabe como estou me sentindo! – berrou
Shiro.
– Você
tem razão, não sei como você está se sentindo. Mas você não
está sendo o Shiro que eu conheço! Você não está agindo como o
meu irmão! – gritou Kuro.
– Você
não sabe nada sobre mim. Sobre as coisas terríveis que passei e
tive que fazer para sobreviver. – Shiro falava de uma forma
assustadora, Kuro não o reconhecia naquele momento. – Eu não
sirvo para nada mesmo, não conseguir salvar ninguém com que me
importava. Sabe o porquê de eu sempre te abusar e ficar te
chateando? Para liberar o meu estresse! Tendo esconder, tendo
esconder mesmo, mas a raiva e dor continuam impregnados em meu
coração. Achei que tivesse mudado, mas não, apenas arranjei outro
jeito de liberar isto tudo.
Kuro
ouvia tudo, mas continuava parado enfrente a porta.
– Kuro,
eu admiro sua persistência, mas eu não sou como você pensa, já
fiz muitas coisas terríveis. Agora, quero fazer alguma coisa boa e
livrar o mundo desses desgraçados. Então, saia da frente que eu
irei embora de qualquer jeito. – disse Shiro.
– Não
vou deixar.
Shiro
fingiu que não havia ouvido e caminhou até a porta para sair, mas
Kuro bloqueou a saída.
– Já
disse que não vou deixar. – repetiu Kuro.
Shiro
tentou abrir a porta, mas Kuro não deixou, os dois ficaram se
empurrando e em um ataque de raiva Kuro tentou socar Shiro no rosto,
mas ele segurar o braço de Kuro antes que o acertasse.
– Então
é assim. Pretende me bater para que eu não posso mais sair? –
indagou Shiro.
Não
respondeu e tentou chutar Shiro, que foi mais rápido e socou Kuro em
sua barriga.
– Se
é assim que você quer que as coisas sejam, é assim que elas serão!
– exclamou Shiro.
– Desgraçado!
Devolva o meu irmão! – Kuro levantou e socou Shiro no rosto que
deu um passo para trás e contra-atacou com um soco no queixo de
Kuro.
Kuro
caiu no chão, mas conseguiu se levantar e tentou chutar Shiro, que
desviou e empurrou Kuro até a parede colidindo suas costas com
força. Kuro tentou sair da situação girando e trocando de posições
com Shiro, para que ele ficasse com as costas na parede, conseguiu e
começou a socar Shiro na barriga, que revidou com um soco no rosto e
um chute na barriga. Os dois já haviam cuspido sangue e estavam
machucados.
Kuro
pulou para tentar acertar um soco na cabeça de Shiro que desviou e
agarrou Kuro no ar e jogou contra o chão. Shiro pulou para cima dele
e ficou em cima dele o socando no rosto sem parar, Kuro tentava
revidar, mas não conseguia.
– Por
que você tem que ser assim? Por que não pode ser menos idiota e me
deixar para trás? Por quê? – Shiro, com os olhos cheios de
lágrimas, continuava socando o rosto de Kuro que perdeu a
consciência.
Ele
olhou para suas mãos cheias de sangue de seu irmão e depois que o
momento de raiva passou, percebeu a besteira que tinha feito e
lágrimas escorreram pelo seu rosto.
– O
que eu fiz? Eu… eu sou um mostro! – disse para se mesmo. – Eu
não sirvo para nada, apenas para machucar os outros! É melhor eu ir
embora mesmo, se eu conseguir matar Ludger, Chasseur e morrer no
processo será a melhor que coisa que pode acontecer. Assim eu nunca
mais machucarei aqueles que gosto. – Shiro olhou para o rosto de
seu irmão. – Me desculpe Kuro! É como a Yuki disse, eu realmente
sou um monstro sem alma!
Shiro
se levantou e saiu da mansão enquanto chorrava pelos erros que tinha
cometido.
…
Depois
de voltar para a mansão, tomar um banho e trocar suas roupas, Serena
resolveu ir comer algo, mas ao passar pela sala de entrada da mansão
se deparou com Kuro todo machucado e caído no chão.
– Kuro!
– exclamou ela indo a seu encontro.
O
garoto estava no chão, ao Serena chegar ao seu lado e tentar
levantá-lo, ele acordou e tossiu um pouco.
– Você
está bem? O que aconteceu aqui? – indagou Serena.
– Eu
tenho que para o Shiro. – respondeu Kuro.
– Do
que você está falando?
– Ela
vai acabar se matando. – Kuro tentava se levantar.
– Tenha
calma, você está bem machucado, me explique o que aconteceu. –
pediu Serena.
Kuro
contou tudo que havia acontecido para Serena.
– Agora
tenho que ir atrás dele. – falou Kuro.
– Se
aclame, se você for desse jeito, só vai acabar se machucando mais.
Ainda não acredito na surra que ele te deu. – comentou Serena.
– Não
me importo com isto, eu comecei a briga, além do mais aquele não é
o Shiro que eu conheço, tenho certeza que ao voltar para se vai se
arrepender.
– Você
gosta mesmo de seu irmão.
– Sim,
e é por isso que tenho que ir atrás dele.
– Não,
você deve ficar aqui e cuidar de seus machucados. – contestou
Serena.
Neste
momento Katy e Eve passaram pelo cômodo e viram Serena e Kuro todo
machucado, preocupada perguntaram o que aconteceu e depois de ouvirem
a história todo, Katy resolveu fazer algo:
– Kuro,
você fica aqui e recebe o devido tratamento. Eu e a Eve vamos atrás
do Shiro.
– Traga
o meu irmão de volta. – pediu Kuro.
– É
uma promessa! – disse Katy. – Serena, cuide do Kuro.
Serena
assentiu e as outras duas saíram da mansão, foram com tanta presa
que nem pegaram um guarda-chuva.
…
Shiro
já conseguia ver a mansão de Ludger, mais alguns metros e chegaria
lá. Estava confiante que conseguiria entrar escondido novamente. Ele
continuava caminhando até a mansão, sem presa, sem vontade,
esperava que tudo acabasse naquele dia. Foi então que ouviu uma voz
chamando seu nome:
– Shiro!
Ao
virar para atrás viu Katy e Eve correndo atrás dele, ele parou de
caminhar e esperou elas chegarem.
– O
que vocês querem? – indagou Shiro.
– Obvio
que parar você. – respondeu Katy.
– E
por que pretende fazer isto? Se eu consegui acabar com Ludger e
Chasseur, poderei vingar a Mirai e acabar com os planos do dois.
– Se
você fazer isto, vai ser pego e vão te matar. – contou Eve.
– Estou
torcendo por isso. – disse Shiro.
– Não
fale assim! – exclamou Katy.
– Mas
é verdade, vocês viram o que fiz com o Kuro? Eu sou um imprestável,
que só serve para machucar os outros! – berrou Shiro.
– Você
não é assim! Pare de colocar essas mentiras em sua cabeça! –
berrou Katy.
– Sim,
eu sou. Eu sou um desgraçado que não consegue nem cumprir uma
simples promessa. Não pude proteger alguém, só pude machucar.
Vocês não fazem ideias das coisas terríveis que eu já fiz, tudo
para sobrevir, eu sou um idiota egoísta! Se eu morresse seria tudo
muito melhor! Afinal, eu sou um monstro sem alma e coraçã…
Shiro
sentiu uma dor em seu rosto, ao olhar para frente percebeu que era
Katy que havia te dado um tapa bem forte. Quem havia recebido o tapa
era ele, mas quem parecia ter sentido a dor daquilo foi a Katy, os
olhos delas estavam cheios de lágrimas.
– Você
não é um monstro! Você é Shiro Bretteur, irmão de Kuro Bretteur,
e é meu amigo! – gritou ela.
– Você
não sabe das coisas que eu fiz, se soubesse, nunca me chamaria de
amigo. – disse Shiro.
– Com
certeza chamaria! Não importa o que você fez, eu sempre vou gostar
de você, mesmo que você se odeie, eu nunca te odiaria!
– Todos
nos temos segredos e fizemos escolhas erradas. O que aconteceu no
passado não nos importa mais. Você só tem que se perdoar. –
disse Eve.
– Mas
isto é impossível para mim. – desabafou Shiro.
– Se
é impossível, eu tornarei possível! – contou Katy. – Não
importa quem você era antes, mas sim quem você quer ser no futuro.
Me diga, que tipo de pessoa você acha que a Mirai gostaria que você
se tornasse? Ou melhor que tipo de pessoa você gostaria de se
tornar?
– Que
tipo de pessoa eu quero ser? – Shiro repetiu para si mesmo.
Eu
sempre achei que tivesse superado meu passado e que estivesse
seguindo em frente ao futuro, mas não, eu sempre estive preso ao
passado, mas não por não conseguir me livras dessas correntes e sim
porque eu tinha medo do futuro, tinha medo de perder mais alguém.
Sempre usei meu passado como desculpa, para tentar justificar meus
atos, mas nada disso importa. Ficava com medo que se descobrissem
sobre mim, me odiariam e me deixariam sozinho mais uma vez, mas eu
fui idiota o bastante para não perceber que eu nunca precisaria me
preocupar com isto. Agora percebe que este passado sempre estará
dentro de mim e que não posso mudá-lo, mas posso tentar mudar o
futuro.
– Eu…
eu quero ser alguém de quem eu possa me orgulhar! Alguém que posso
proteger as pessoas! Eu não quero nunca mais ter que me arrepender!
– berrou Shiro enquanto lágrimas saiam de seus olhos.
Katy
sorriu e abraçou Shiro em seu busto enquanto ele chorrava.
– Vamos
para casa. – disse ela.
Shiro
limpou as lágrimas e concordou.
…
William
já havia cuidado da maior parte dos ferimentos de Kuro e disse que
ele se recuperaria rapidamente Kuro resolveu esperar sozinho na porta
da mansão e depois de algum tempo Shiro e as duas garotas voltaram.
Ao ver Shiro, Kuro ficou quieto e não disse nada, o clima estava
pesado e denso, mas Shiro resolveu falar:
– Kuro,
bem, sei que apenas palavras, não são suficientes, mas eu queria me
desculpar por tudo. Eu fui um idiota e não estava raciocinando bem
Você estava certo e eu devia ter percebido que só queria me
proteger, então por favor… – Shiro fez uma reverência para Kuro
– … Aceite minhas desculpas!
Kuro
sorriu e disse:
– Você
sabe que eu não consigo ficar bravo com você por muito tempo. É
que te perdoou.
– Kuro.
– Shiro sorriu.
– Mas
antes, preciso fazer algo. – Repentinamente Kuro deu um forte soco
no rosto de Shiro que o fez sangrar pelo nariz e cair no chão. –
Agora estamos quites.
Todos
se chocaram com o que acabou de acontecer, achavam que aquilo poderia
resultar em outra briga, mas pela surpresa de todos Shiro começou a
rir, mas não foi um riso forçado, nem maldoso, e sim um dos mais
inocentes que ele já dera.
– Você
soca que nem uma menininha. – disse Shiro.
– E
você soca mais fraco que uma menininha. – disse Kuro.
Os
dois ficaram rindo como se estivessem assistindo algum filme de
comédia.
– Precisa
de ajuda para se levantar? – Kuro esticou sua mão para Shiro que a
segurou e levantou-se.
Ao
levantar, Shiro nem pode fazer nada, pois é surpreendido pelo abraço
de seu irmão.
– Kuro,
você sabe que não gosto muito de abraços masculinos. – lembrou
Shiro.
– É
só uma vez! – sorriu Kuro. – Você sabe que eu te amo, irmão.
– Você
disse que me ama? – indagou Shiro.
– Eu
não.
– Eu
ouvir você disser isto, saiba que não gosto de homens.
– Eu
também não gosto de homens, e não disse nada disso.
– Eu
sei que você disse. – sorriu Shiro. – Kuro, eu também te amo.
Os
dois continuaram abraçados por um tempo e se separaram.
– Kuro,
podemos recomeçar do zero assim como fizemos no orfanato junto da
Alice? Vamos prometer mais uma vez recomeçar? – Shiro esticou seu
punho.
Kuro
esticou seu punho e o acertou com o de Shiro.
Katy
e Eve que assistiam, se juntaram e colocaram seus punhos juntos
também.
– A
partir de agora, vamos nos tornar quem queremos ser, sem nos
preocuparmos com o passado. – disse Eve.
– Vamos
começar do zero, mais uma vez! – exclamou Katy.
Todos
concordaram e gritaram juntos:
– Do
zero!
Neste
momento, os dois dias chuvosos terminaram e finalmente o sol resolveu
aparecer, iluminando aqueles quatro jovens que o futuro esperava bem
mais do que eles mesmo esperavam.
Depois
de muitas emoções, Shiro se lembrou de algo importante e disse:
– Kuro,
quando tudo isto acabar, tenho que te contar algo sobre a Alice. Não,
não apenas a Alice, quero falar com você sobre muitas coisas.
Kuro
concordou.
– Mas
antes, tenho que falar com todos sobre algo muito importante. –
continuou ele.
…
Bastante
tempo havia se passado e a noite já havia chegado. Katy estava em
seu quarto acordada, mexendo em sua Pokédex, foi então que ouviu um
barulho da janela e quando foi ver o que era, viu a Yuki sorridente
jogando algumas pedras em sua janela. Sem pensar nem duas vezes, Katy
desceu, saiu da mansão e foi de encontro a jovem de cabelos lilas.
– O
que você quer Yuki? – indagou Katy.
– Wow!
Estou surpresa, você parece estar mais corajosa, da última vez que
nos encontramos, você estava morrendo de medo! – exclamou a Yuki
sorrindo.
– Você
me pareceu sarcástica. – comentou Katy.
– É
por causa do sorriso, não é? Bem, não importa o que eu faça, não
consigo me livrar dele.
– Me
responda, logo o que você quer. – Katy já sacava sua pokébola.
– Calma
ai. Eu só vim dizer que sinto muito pelo que aconteceu com aquela
menininha, qual era mesmo o nome dela? Mimimimimi… Miroi! – disse
Yuki com um sorriso enorme em seu rosto.
– O
nome dela era Mirai! E eu tenho certeza que não sente nada.
– Que
coisa triste para se falar, claro que sinto. Ela ter morrido foi
muito triste, choraria muito, se a conhece melhor. – Mesmo falando
em dor e tristeza Yuki continuava com o sorriso assustador em seu
rosto.
– Qual
são as suas verdadeiras intenções Yuki? De que lado você está? –
indagou Katy.
– Eu
sempre estou do meu lado e faço apenas o que quero.
– Vai
me dizer que veio aqui apenas para dizer que senti muito?
– Claro
que não! Eu vim aqui para te dizer, que deve ir embora dessa mansão
o quanto antes. – contou Yuki.
– Como
assim?
– É
melhor você ir embora logo, se não tudo pode acabar se explodindo.
– O sorriso do rosto da Yuki continuava firme e forte.
– Explodindo?
– Bem,
se lembra da primeira vez que conheceu o Ludger? Foi no aniversario
da Serena e se não me engano ele trouxe um presente, um grande
pérola. E se eu dissesse que na verdade, aquilo não é uma pérola.
– Yuki continuava sorrindo. – Bem, logo estará na hora, se eu
fosse você iria embora o quanto antes, eu já vou indo, não quero
acabar me queimando. Até mais!
Yuki
foi embora e desapareceu nas sombras.
…
Na
floresta de Santalune, Chasseur estava conversando com Ludger.
– Logo
o plano vai começar, já está tudo pronto? – indagou Ludger.
– As
máquinas já estão prontas e assim que ouvirmos o som da explosão
vamos acioná-los. – respondeu Chasseur.
– Ótimo!
– Eu
disse que daria tudo certo! Ter matado aquela menina, com certeza
valeu a pena. – sorriu Chasseur. – Se o plano ir como conforme,
até de manhã, a cidade de Aquacorde será sua e sua vingança
estará completa.
– Conto
com isto. – sorriu Ludger.
…
Katy
estava correndo dentro da mansão, procurando pela Serena. Foi até
seu quarto, abriu a porta e viu Serena e gritou:
– Serena!
O presente de Ludger era, na verdade, uma bomba!
Apenas
um grande estouro, como uma explosão, pode ser ouvido. Chamas voaram
para todos os lados, era possível ver a luz do fogo a quilômetros
de distância, a fumaça cobria o céu, a luz das estrelas e da lua.
…
– Vocês
ouviram a explosão! Podem ligar as máquinas! – ordenou Chasseur.
Eram
quatro máquinas em quatro pontos diferentes da floresta, todas elas
foram acionadas e uma grande luz vermelho foi liberada para o céu.
– Esplêndido!
Finalmente o meu verdadeiro plano…
… Começou.