• Posted by : Zark 30 de abr. de 2016

    As lendas mais assustadoras são aquelas que são verdades.

    Estava bastante escuro, aquele pântano estava sendo vítima de uma forte tempestade. Um homem perdido, sem saber por onde sair daquela rota, precisava achar algum lugar para se proteger dos fortes ventos uivantes. Foi quando em meio ao desespero de ceder e morrer ali, ele a encontrou, uma velhã mansão assustadora, onde havia um cemitério em sua frente. De primeiro momento hesitou, mas como a tempestade ficava cada vez mais forte, resolveu entrar. Ao entrar a primeira coisa que sentiu foi um forte calafrio que começava na cabeça e ia descendo até o fim de sua espinha. Tentou ligar a luz, mas os interruptores não funcionavam. Estava morrendo de medo, mas resolveu ficar ali até a tempestade passar. Depois de inúmeras horas de tortura, a tempestade finalmente parou e o homem resolveu sair, mas ao tentar abrir a porta ela estava trancada. Tentou arrombá-la mas foram esforças em vão, sem ter muitas opções resolveu explorar aquela mansão assustadora. Eventualmente, ele chegou na cozinha, onde não havia ninguém. Aquele ambiente o fez lembrar da fome que sentia, encontrou a geladeira e resolveu abri-la. Quanto ele a abriu, uma quantidade enorme de luz branca foi disparada em seu rosto, foi uma luz tão forte que o homem quase desmaiou, mas o pior era o som que ecoava de dentro para fora da geladeira, um ruido insuportável. Em meio a tontura o homem conseguiu fechar a porta da geladeira, quando finalmente conseguiu recuperar sua visão e audição, percebeu que havia um outro homem, só que de aparecia mais velha, encostado no canto da cozinha, virado para a parede. O homem perdido resolveu perguntar para homem mais velho, como sair da mansão. Ele tentou explicar sua situação dizendo que estava perdido, resolveu tocar no homem encolhido no canto para chamar a sua atenção, mas ao finalmente fazer isso o homem mais velho gritou desesperado:
    – Fique longe!
    – Me desculpe, não era minha intenção ofendê-lo. – disse o homem mais jovem.
    Ele tentou explicar sua situação mais uma vez e, por fim, disse:
    – Por favor, me ajude.
    – Eu não estou falando com você! – exclamou o homem velho.
    O homem mais jovem se surpreendeu, só havia eles dois naquela cozinha, pensou que o outro homem pudesse estar louco, mas então foi surpreendido mais uma vez com a pergunta do senhor:
    – Você não pode vê-los? Atrás de você!
    Ao susto o homem se virou para trás, seu coração começou a bater o mais rápido que já batera na vida. Finalmente descobriu com quem que o senhor estava falando.
    – Uma horda de homens sem face!
    Eles eram tenebrosos, altos e magros, com peles pálidas, chegando ao mais puro branco, não havia nenhum rosto, nem cabelo, a única coisa que podia enxergar em sua cabeça era sua enorme boca que mostrava seus grandes e assustadores dentes.
    Não se sabe direito o que aconteceu depois, mas aquele homem nunca mais foi visto.

    Rota 14, 6 de outubro de 2016.

    Os três entraram pela enorme porta da mansão. Quando todos já estava dentro, a porta se fechou sozinha. Kuro soltou um berro, Katy se assustou um pouco e Shiro comentou:
    – Sério isso? A porta se fechando sozinha? Desde de quando estamos vivendo um filme de terror clichê?
    – Pare com isso Shiro, você sabe que morro de medo dessas coisas. – pediu Kuro.
    Shiro fez como pedido.
    – Então, dormimos aqui? – indagou Katy.
    – É a nossa única opção, não é? – disse Shiro.
    – Ainda não gosto disso, mas fazer o que. – reclamou Kuro.
    – Está certo, vamos encontrar alguns quartos. – disse Shiro.
    Katy e Kuro sentiram calafrios.
    – Espera ai! Você está dizendo que quer entrar nesses corredores longos, escuros e longe da nossa rota de fuga, para procurar alguns quartos para dormir? – indagou Kuro desesperado.
    – Sim.
    – Você ficou doido! Eu que não entro ai! Prefiro dormir aqui no lado da porta mesmo. – disse Kuro.
    – Dessa vez tenho que concordar com Kuro. – disse Katy.
    – Sério? Achei que você preferiria dormir em um quarto separado e não junto de dois garotos que você acabou de conhecer.
    As palavras de Shiro foram reveladoras na mente de Katherine, ele lembrou de sua avó pedindo para tomar cuidado com homens. Será que realmente seria seguro dormir no mesmo quarto que aquele dois? Katy estava pensativa, percebendo a sua preocupação Kuro tentou acalmá-la:
    – Esqueça o que meu irmão acabou de dizer, ele só estava brincando.
    – Não, isso é sério, o Kuro pode ser bem pervertido as vezes, principalmente perto de garotas bonitas. – disse Shiro.
    Katy corou e se assustou a mesmo tempo.
    – Isso não é verdade! Shiro, pare com isso! – reclamou Kuro.
    – Está bem, está bem. Katy não precisa se preocupar, se preferir podemos dormir aqui que eu e Kuro iremos te proteger de qualquer fantasma.
    – Eu já disse para você parar com isso!
    Ao ver os dois irmãos brigando sua preocupação passou e começou a rir dos dois. Eles perceberam e começaram a rir também. Os três arrumaram seus sacos de dormir, colocaram seus pokémons nas pokébolas e deitaram no chão. Shiro então resolveu fazer uma pergunta a Katy:
    – Katy, pode não parecer, mas Kalos é bem perigosa para ficar andando sozinha. Por que você está viajando sozinha?
    – Bem, isso é porque eu comecei minha jornada para se tornar a campeã de Kalos. – revelou Katy.
    Shiro soltou uma gargalhada. Katy enfureceu e reclamou:
    – Eu sei que pode parecer um sonho meio infantil, mas não fique rindo dos sonhos dos outros.
    – Não é nada disso. Estou apenas feliz, que acabei de conhecer a futura campeã de Kalos.
    Katy tentou não demonstrar, mas ficou bastante feliz de ouvir aquilo. Kuro, resolveu fazer outra pergunta.
    – Interessante o seu sonho, mas tem uma coisa que me intrigou. Por que você está vestindo um quimono?
    – Primeiro não é exatamente um quimono e sim um furisode. Eu sou uma garota furisode.
    Katy explicou tudo sobre as garotas furisode e contou sobre seu sonho mais uma vez e como conseguiu enfrentar sua avó.
    – Mas chega de falar de mim, quero saber de você dois.
    – Nos dois não temos nenhuma história extraordinária para contar. – disse Shiro.
    – Isso não é justo, me digam pelo menos alguma coisa. – insistiu Katy.
    Shiro e Kuro se olharam como se tivessem conversando telepaticamente, por fim resolveram falar.
    – Para falar a verdade, nos dois não somos irmãos biológicos. – disse Shiro.
    – Nos eramos dois órfãos, crescemos juntos e sempre fomos bons amigos. – disse Kuro.
    – Sim, podemos não ser irmão biológicos, mas somos irmos de verdade. – disse Shiro.
    – É, eu entendo muito bem isso. – disse Katy.
    O local ficou silencioso, os três poderiam não estar mais conversando, mas apreciavam aquele momento enquanto tentavam dormir. Foi então que algo cruzou a mente de Shiro e ele se levantou berrando:
    – Eu lembrei! Eu lembrei!
    – O que foi Shiro? – Indagou Kuro.
    – Eu me lembrei da lenda dos homens sem face! – respondeu ele.
    A expressão de Kuro mudou completamente, estava horrorizado ao se lembrar daquela história.
    – Lenda dos homens sem face? – indagou Katy.
    Os olhos de Shiro brilharam, era uma oportunidade de contar aquele história tenebrosa mais uma vez.
    – Bem, tudo começou quando …
    Shiro foi interrompido por Kuro que ficava gritando e reclamando.
    – Katy, por favor, não deixe ele contar essa his…
    Shiro bateu na cabeça de Kuro com a mão aberta e disse com um olhar assustador:
    – Não me interrompa.
    – Certo. – disse Kuro assustado
    – Voltando a história …
    Shiro contou a história detalhadamente.
    – … mas aquele homem nunca mais foi visto.
    Katy engoliu seco.
    – Katy, você percebeu também, não foi? – indagou Shiro.
    – Como assim?
    – Uma mansão sem luz com um cemitério na frente no meio de um pântano.
    Quando mais Shiro falava mais Katy ficava com medo, Kuro já estava com o coração na boca de tanto tremer.
    – Você quer dizer que … – Katy teve medo de completar a frase.
    – Isso mesmo, a mansão onde a lenda se passa, a mansão onde existem homens sem faces é a mansão em que estamos dentro! – gritou Shiro.
    Katy gritou de susto e Kuro desmaiou. Shiro tentou acalmar ela.
    – Brincadeira, essas coisas como homens sem face não existem. A mansão deve ter sido apenas uma coincidência.
    Katy pareceu ficar mais calma.
    – E quanto ao Kuro? O que faremos? – indagou ela.
    – Não precisa se preocupar com isso, amanhã de manhã ele acorda. De qualquer forma, esta tarde, vamos dormir. Boa noite! – disse Shiro.
    – Boa noite!

    Foi um pouco difícil de dormir, não por causa do medo, mas porque eu não conseguia parar de pensar nas tantas coisas que tinham acontecido naquele dia. Encontrei vários pokémons e fiz amizade com duas pessoas, Kuro e Shiro. Sei que pode ser ingenuidade minha, mas sinto que posso confiar de verdade nesses dois. Minha jornada estava sendo bastante divertida, meio perigosa, mas divertida. Estava muito ansiosa para o que me esperava no próximo dia.

    Rota 14, 7 de outubro de 2016.

    Katy ouvia alguém chamando seu nome, ele ecoava e cada vez ficava mais alto. Finalmente, abriu os olhos, era Shiro que a chamava enquanto balançava gentilmente o seu ombro.
    – Finalmente acordou. – Shiro soltou o ombro de Katy.
    Ela olhou para um lado e para o outro, mas o cômodo continuava escuro.
    – Já é de dia? – indagou Katy.
    – Sim, no meu celular já marca 10 horas da manhã, mas como aqui as janelas estão cobertas tudo continua escuro. – explicou Shiro.
    – Então vamos sair, essa escuridão está me incomodando. – disse ela.
    – Infelizmente, temos um problema. – informou Shiro.
    Katy percebeu que não via Kuro e resolveu olhar ao seu a redor e o viu mexendo na porta. Shiro a ajudou a levantar e juntos foram caminhando até Kuro.
    – Então, conseguiu resolver? – indagou Shiro.
    – Não, tentei de tudo, até usar minha espada para corta ao meio. – respondeu Kuro.
    Katy percebendo que a conversa caminhava, mas ela resolveu perguntar:
    – O que está acontecendo?
    – Estamos presos, a porta está trancada – explicou Kuro.
    – Trancada? Mas estava aberta ontem. – lembrou Katy.
    – Isso é o que mais me assusta. – disse Kuro.
    – Não pode ser. – Katy resolveu checar por si mesma, tentou abrir, mas foi inútil.
    – Isso não está parecendo um pouco familiar. – comentou Shiro.
    Katy e Kuro engoliram seco.
    – Não fale. – pediu Kuro.
    – Primeiro uma mansão no meio do pântano e agora a porta se trancou sozinha. – disse Shiro.
    – Pare, por favor, pare! – berrou Kuro.
    – Estamos vivendo a lenda dos homens sem face. – conclui Shiro.
    Kuro gritou e começou a reclamar com seu irmão. Katy tentou parar a briga e disse:
    – Não se preocupem, deve ser apenas coincidência, muita coincidência.
    – Katy, isso não está ajudando nada. – confessou Kuro.
    – O que fazemos agora? – indagou Katy.
    – Só há uma coisa que podemos fazer, procurar outra saída. – sugeriu Shiro.
    – Você ficou maluco! Foi isso que o homem fez na lenda e ele não se deu muito bem. – alertou Kuro.
    – Tem alguma ideia melhor? – perguntou Shiro.
    – Não. – Kuro estava decepcionado com ele mesmo por não achar outra solução.
    – Katy, o que você acha? Devemos procurar outra saída? – Shiro fitou os olhos dela.
    – Parece que não temos escolha.
    Por fim os três concordarem em procurar uma outra saída daquela mansão assustadora. A mansão era enorme e muito escura, eles andavam juntos em uma fila para não se perderam, usavam a lanterna de seus celulares para tentar enxergar o máximo possível, mas a luz das lanternas eram muito fracas, sendo assim mesmo com elas ficava difícil de enxergar.
    Ficaram andando pela mansão por horas, mas nada encontravam, passaram por diversos cômodos, mas nenhum com luz. Os três estavam caminhando por um corredor longo já havia um tempo, foi quando Kuro ouviu algo, parecia um sussurro da morte.
    – Vocês ouviram isso? – indagou ele assustado.
    Shiro e Katy negaram.
    – Eu tenho certeza que ouvi alguma coisa. – insistiu ele.
    – Devo ser apenas coisa de sua cabeça. Se lembra que aconteceu a mesma coisa quando você ficou preso no seu quarto por meio dia? Você ficava gritando e dizendo que fantasma estavam querendo comer seu cérebro. Se bem que eu acho que você confundiu as coisas. – lembrou Shiro.
    Katy riu um pouco, Kuro ficou envergonhado e pediu para Shiro parar.
    – Você quer que eu pare? Não está gostando que eu esteja trazendo memórias embaraçosas suas? Se é isso, eu tenho muitas outra memórias embaraçosas, para contar. Katy, Kuro fazia xixi na cama até os 17 anos. – continuou Shiro.
    – Isso é mentira! E eu tenho 16. – berrou Kuro com raiva.
    – Se acalme, estou apenas brincando com você. – disse Shiro.
    Kuro respirou e tentou se acalmar.
    – Falando sério, ele fazia xixi até os 15 anos. – disse Shiro para Katy.
    – Eu disse para parar! – Gritou Kuro.
    Depois de brigarem novamente, tudo se aclamou. Foi então, que Kuro ouviu outro sussurro atrás dele, sentiu um calafrio e quando olhou para atrás viu uma silhueta de um homem alto.
    – Arceus me proteja! – Kuro saiu correndo enquanto berrava, assim se separando de Katy e Shiro.
    – Kuro, volte aqui! – Shiro correu atrás dele.
    – Não se esquecem de mim! – Katy correu atrás dos dois.
    Os três correram em meio a escuridão, sem saber para onde iam e sem que percebeseem que haviam se separado.

    Katy estava sozinha outa vez, mas diferente de antes estavam presa em uma mansão assustadora, sem saída e sem nenhum sinal de luz. Ela estava com medo, queria ficar ali parada esperando que alguém a salvasse, mas sabia que isso não adiantaria de nadar e resolveu procurar os dois. Pensou em ligar, mas o celular estava sem sinal como qualquer lugar daquela rota, além disso Katy não tinha o número de Shiro nem Kuro. Resolveu voltar pelo mesmo caminho que tinha percorrido e virar em algum corredor que não tinha virado, mas então ela ouviu um sussurro, sentiu calafriou, olhou para atrás e não viu nada, pensou que era sua imaginação. Novamente outro sussurro, só que dessa vez era mais forte, assustador e frio, Katy olhou para atrás novamente, nada viu, mas ao virar para frente novamente viu dois olhos brancos enormes e uma boca que sorria maleficamente enquanto mostrava sua língua para fora que lambia o ar. Katy correu desesperadamente para o outro lado, correu e correu, não sabia aonde ia, mas queria fugir daquela figura assombrosa que tinha visto.
    Corria sem olhar o caminho, as vezes batiam em algo, mas continuava a correr mesmo assim, foi quando ela se esbarrou com duas pessoas, caindo e as derrubando juntas. Ela se levantou, achou que tinha achado Kuro e Shiro, mas quando ligou a luz de seu celular, não eram eles. Havia um homem e uma mulher, os dois usavam a mesma aliança. O homem tinha cabelos e olhos castanhos escuros, já a mulher seus cabelos e olhos eram castanho claro. Os dois estavam vestido de branco, a mulher um vestido curto e o homem uma camisa de botão, além de uma causa jeans.
    Katy ajudou os dois a se levantar e pediu desculpa por derrubá-los, mas para a surpresa dela, eles não pareciam nervosos com ela, pareciam extremamente felizes em vê-la.
    – Me chamo Elaine e esse é Oliver, qual seu nome? – indagou a mulher.
    – Katherine, mas pode me chamar de Katy.
    – Você também esta perdida? – indagou Oliver.
    – Também? Quer dizer que estão perdidos. – conclui Katy.
    – Isso mesmo, fomos pego por uma tempestade e resolvemos entrar aqui para esperar ela passar, passamos uma noite aqui e quando tentamos sair, a porta estava trancada. Tentamos achar outra saída, mas essa mansão é como um labirinto, estamos perdidos faz dias, cansados e com fome. – explicou Oliver.
    Katy ficou assustada, eles estavam ali há dias, será que ficaria presa ali para sempre. Ela se lembrou de algo, abriu sua mochila e pegou alguns dos lanches que suas irmãs haviam feitos.
    – Aqui. – Katy entregou os lanches para Oliver e Elaine.
    – Não podemos aceitar isso. – disse Elaine.
    – Podem e devem. – insistiu Katy.
    – Está bem.
    O casal estava felizes, fazia dias que não comiam. Os dois comeram o suficiente para ficarem cheios, agradeceram Katy milhares de vezes. A garota furisode, então resolveu contar a eles como ela havia ficado presa lá dentro e por que estava sozinha. Algo ainda estava preso em sua garganta, uma pergunta, ela tinha medo da reposta, mas perguntou mesmo assim:
    – Vocês sabem da lenda dos homens sem faces?
    A expressão dos dois mudaram.
    – Você viu alguma coisa por perto? – indagou Oliver preocupado.
    – Como assim alguma coisa? – Katy engoliu seco.
    – Desde ficamos perdidos, algumas coisas estranhas aconteceram, silhuetas de monstros e de homens altos magros ficaram nos assombrando. – revelou Oliver.
    – Então, a lenda é real? – indagou Katy temendo a reposta.
    – Isso não sabemos e nem desejamos descobrir, sempre que algo nos assusta resolvemos correr. Mas uma coisa é certa, existe algo de muito errado nessa mansão. – contou Elaine.
    – Vamos deixar esse assunto de lado por um tempo. A prioridade agora é achar seus amigos e uma saída desse inferno. – disse Oliver.
    Todos concordaram e resolveram explorar aquela mansão mais uma vez.


    Kuro estava sozinho, se arrependia de ter corrido e se separado dos outros.
    – Muito bem Kuro, agora você está preso sozinho, nessa mansão escura, fria, sem saída, tenebrosa, assustadora, horripilante, espantosa, amedrontadora, sinistra, horrenda, medonha, pavorosa, estranha, diabólica, infernal, demoníaca, com corredores estreitos que matariam qualquer claustrofóbico e assombrada com homens sem faces que vão arrancar o meu rosto para colocar no deles. – ele disse para si mesmo.
    Continuava procurando Katy e Shiro, ou uma saída para pedira ajuda, mas o que encontrou assustou-lhe.
    – Uma cozinha. Logo eu tinha que encontrar uma cozinha! É melhor eu dar a volta. – Sua barriga roncou.
    – Você só pode estar me sacaneando. – disse Kuro para sua própria barriga.
    Não tinha comida com ele, ficava tudo na mochila de seu irmão. Sabia que devia dar a meia volta, mas estava com muita fome, talvez fosse psicológica, mas ela estava infernizando ele.
    – Arceus me proteja. – Kuro resolveu entrar na cozinha para ver se tinha algo o que comer, procurou em todos os lugares, mas estava sem sorte. Só havia sobrado, um lugar para procurar, a geladeira.
    – É só uma lenda, não é verdade. É só uma lenda, não é verdade. – repetia Kuro para si mesmo enquanto abria a geladeira.
    A geladeira estava abrindo devagorosamente e Kuro repetia a frase cada vez mais rápido. Quando a geladeira finalmente foi aberta, nenhuma luz branca explodiu em seu rosto.
    – Obrigado. – Kuro se aliviou.
    Dentro da geladeira havia diversos alimentos.
    – Parece que tirei a sorte grande.
    Kuro sentiu um calafrio e logo depois ouviu algo sussurrar em seu ouvido. Ele começou a tremer, não queria olhar para atrás, mas se não olhasse sua vida poderia correr perigo, voltou a repetir a frase:
    – É só uma lenda, não é verdade. É só uma lenda, não é verdade. – Kuro virava devagar para atrás.
    Quando finalmente viu o que era, deu um pulo para atrás derrubando a geladeira. Era alto, pálido, magro, careca e mais importante não tinha face, apenas uma boca enorme que mostrava seus afiados dentes.
    – Meu Arceus do céu! Um homem sem face! – Kuro correu como nunca havia corrido. – Shiro, Katy, alguém, socorro! Arceus, me ajude!
    Ele correu, correu, correu, correu e não importava o que acontecia, ele continuava correndo.


    O casal e Katy continuavam na mansão procurando por Shiro, Kuro e uma saída. Aquela mansão era um labirinto, sem perceber davam voltas e voltas. Usavam a lanterna do celular de Katy para iluminar e conseguirem enxergar o caminho, mas o tempo estava escasso e a bateira do celular começava a ruir.
    – A lanterna está consumindo muita bateria. É melhor desligá-la por um tempo. – sugeriu Elaine.
    – Você tem razão, mas assim ficaríamos em meio a escuridão. – disse Katherine.
    – Não tem problema, é só ficarmos bem perto um do outro que não nos perderemos. – comentou Elaine.
    Katy resolveu desligar o celular como sugerido.
    – Então o que fazemos agora? Esta obvio que ficar andando por toda essa mansão não ajuda em nada. – indagou Katy.
    – Você pode estar certa, mas ficar parados sem fazer nada também não vai ajudar. – disse Oliver.
    A garota furisode não sabia o que fazer, se ficassem parados, poupariam energia e alguém até poderia aparecer para ajudar, mas também poderiam ficar ali para sempre. Se resolvessem andar poderiam encontrar alguém ou a saída, mas poderiam ficar andando em círculos e cansariam bastante. “O que fazer?” essa era a pergunta que passava pela mente dela.
    Os três ficaram ali pensando no que fazer, mas o momento de calmaria não durou muito. Eles começaram a ouvir sussurros e gritos.
    – Vocês ouviram isso? – indagou Katy.
    – Em alto e bom som. – respondeu Oliver.
    As vozes que ouviam os cercavam e ficavam cada vez mais altas, foi quando começaram a surgir várias silhuetas de homens altos e magros que se aproximavam por todos os lados. O casal e Katherine estavam com medo que progredia toda vez que as silhuetas se aproximavam e então quando já podiam ver direito, perceberam que eram homens sem faces que possuíam apenas um grande boca que mostrava seus afiados dentes.
    – Não pode ser a lenda é real! – gritou Elaine em meio ao desespero.
    – Temos que sair daqui! – Oliver segurou a mão de Elaine e começou a correr sem rumo.
    – Me esperem! – exclamava Katy enquanto tentava perseguir o casal.
    Ela correu muito, não sabia de onde tirava tanta energia, apenas que tinha que correr. Tentou alcançar Elaine e Oliver, mas seus esforços foram em vão e mais uma vez ela estava sozinha naquela mansão assombrada.

    Shiro continuava sozinho, mas diferente de Katy e Kuro, não se importava muito com o fato. Tinha que encontrar os dois novamente assim como uma saída. Continuava andando quando encontrou um corredor que levava para dois lados.
    – Para onde eu vou agora? Esquerda ou direita? – perguntava a si mesmo. – Dizem que o lado direito dá mais sorte.
    Ele resolveu ir para o lado direito, caminhou um pouco, foi quando viu uma luz forte saindo de uma porta.
    – Será que é a saída? – indagou Shiro. – Droga, estou falando sozinho, será que influência de Kuro?
    Resolveu correr até a porta precisava ver se era uma saída, mas quando chegava mais perto, percebia que não era uma luz natural e sim artificial. Chegou na porta a fitou por um tempo, sentia que algo estava errado ali dentro, mas não podia desistir e finalmente resolveu abrir a porta.
    Ao abrir, sua primeira reação foi um susto, depois veio um alívio, mas depois um sentimento de raiva e angustia. Aquela sala era rodeada de telas, cada uma mostrando uma parte da mansão, ali era a sala de segurança e monitoramento, podia se ver a maioria dos cômodos da mansão através das telas. A mansão estava rodeada de câmeras com visores que enxergavam no escuro e aquela sala era onde a transmissão delas ocorriam. Shiro cerrou sua mão direita e socou a parede com bastante força.
    – Droga! …
    Alguém está brincando conosco!






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